É a absorção quase automática de alimentos em pequenas quantidades fracionadas, às vezes por duração prolongada, e até permanente (pode estender-se ao longo de todo o dia), sem desejo de um alimento específico.
As boquinhas são de, alguma maneira, uma atitude de “deixa pra-lá”, em relação aos alimentos disponíveis. A pessoa cisca num pacote de biscoitos aberto, come pedacinhos de queijo enquanto prepara o jantar ou batatinhas e amendoins antes do aperitivo. Enfim, pega de tudo que esteja “ao alcance da mão”.
Geralmente, essa compulsão visa a preencher um vazio afetivo ou a “evacuar” pensamentos desagradáveis. Admitida com facilidade (seja socialmente, seja individualmente), raramente acompanha-se de culpa.
Dos 39% de franceses que declaram fazer boquinhas:
- 37% dizem que é porque sentem fome.
- 38% que é necessidade de se consolar.
- 16% que é por necessidade de energia.
- 24% alegam outras razões.
Quatro franceses em dez fazem boquinhas (uma cifra que não leva em conta os que não confessam … ): portanto, é uma atitude bastante freqüente, alguns dirão banal. Por que então considerar a simples boquinha como algo patológico? Porque ela não corresponde necessariamente a uma necessidade fisiológica. Nesse comportamento há uma impulsividade mal controlada que já não se encontra no domínio da normalidade.
É possível estabelecer o risco de cada um? Quando uma boquinha põe o peso em risco?
Quando o organismo não está em hipoglicemia e não tem necessidade imediata de energia, qualquer aporte alimentar vai automaticamente ser armazenado como gorduta de reserva. Até porque os alimentos ingeridos são freqüentemente compostos da associação de glicídios (que levam à produção de insulina) e de gorduras (pão + queijo ou frios, docinhos, tortas, barras de chocolates, biscoitinhos, batatinhas, salgadinhos etc.). E há aí um hábito de ingeri-los demais antes mesmo de se sentir satisfeito.
Como esse aporte alimentar, em geral, soma-se a refeições clássicas, ele desequilibra a dieta e pode conduzir a um ganho de peso. Então, tudo depende não somente do que se consome e em quais quantidades, mas também à reação de cada um, algo que está ligado a seu metabolismo.