Também conhecidos como açúcares ou glicídios, os carboidratos estão praticamente em todos os alimentos, principalmente nos cereais, leguminosas, frutas e outros vegetais. São utilizados fundamentalmente para o fornecimento de energia, permitindo a realização das nossas atividades diárias e mais ainda a prática desportiva.
Falar de carboidratos na dieta causa arrepio em muita gente, principalmente àqueles que estão engajados em algum programa de emagrecimento já que geralmente este nutriente de forma arbitrária é considerado como engordativo. Neste ponto em questão, embora seja um tema complexo, muita gente fala levianamente sobre os “malefícios” que ele poderia causar principalmente no aumento das nossas “gordurinhas”.
Existe uma variedade de condições que influenciam o seu consumo apropriado na dieta: o tempo da última refeição antes do treino, a duração e a intensidade do treino, a quantidade que irá ser consumida, a forma como é consumida, a tendência que a pessoa tenha para engordar (o histórico de obesidade ou sobrepeso tem muita importância), o tipo de atividade ocupacional da pessoa. Imaginem-se duas situações reais: um bancário que chega ao trabalho 8h30 e sai às 17h30, o dia todo sentado, chega em casa às 19 horas, come um prato “sarado” de macarrão, o que não é difícil, e depois vai assistir TV até a hora de dormir!; segundo caso: um engenheiro que vai às obras o dia inteiro, sai do trabalho e vai para a academia, treina uma hora e meia, chega em casa e come o mesmo prato. Como poderemos fazer uma regra para estes casos? A resposta? Não dá para comparar!… Então, como muita gente quer abolir os carboidratos à noite de forma arbitrária para todo mundo?… Cada caso é um caso. Enfim, vários fatores serão considerados para o consumo de carboidratos na hora de formular o programa alimentar.
Como recomendação geral é necessário que o indivíduo se habitue a consumi-los desde seu café da manhã, de maneira a diminuir essa “fome compulsiva” que se apresentará no final de um dia com pouco consumo dos mesmos. Não é difícil encontrar a seguinte situação em relação ao consumo dos carboidratos: de manhã, “controle total”; no almoço, “pode haver algumas escapadas”; à tarde, “começa o desespero”… e à noite, “chega em casa… relaxa… e seja o que Deus quiser”!
De forma simplificada, vamos dizer que podemos classificar os carboidratos em dois grandes grupos: aqueles que são absorvidos muito rapidamente e aqueles que são mais demorados para serem absorvidos. Esta classificação, de acordo com a velocidade com que eles entram no sangue
após o seu consumo, chama-se índice Glicêmico (IG). Como recomendação, deveríamos ter um bom consumo na dieta daqueles que mais lentamente são absorvidos como os feijões (todos), as lentilhas, o grão de bico, a ervilha, a aveia, algumas frutas como a cereja, laranja, maçã, ameixa, pêra, e iogurtes light, leite, farelo de trigo, soja, entre outros. Que tristeza! Os mais gostosos ficaram classificados como de Alto índice Glicêmico (arroz, pães de farinha refinada, batata, massas, bolos, bolachas e doces em geral), ou seja, que são absorvidos muito rapidamente. O nosso consolo é que quando consumimos um prato de comida a mistura dos diferentes alimentos presentes no prato diminui a velocidade de absorção daqueles de alto IG. Por isso a recomendação para consumir sempre salada, de preferência com muita folha, para conseguir diminuir mais ainda a velocidade de absorção destes carboidratos.
Quando a dieta está baseada quase que em alimentos que possuem carboidratos de alto IG, o que nos dias de hoje não é difícil com tanto alimento refinado, existe uma tendência maior a aumentar as nossas reservas de gordurinhas!… Mais ainda quando na dieta o consumo de gorduras está além do recomendado.
Assim, a questão não é rotulá-los como vilões, mas sim saber combinar os dois tipos, e associando-os com a prática de uma atividade física regular poderemos usufruir de todos seus benefícios. Bons treinos!
FONTE: Jornal da Musculação e Fitness – Edição de Agosto – 2006